O Pão não nasce da padaria 

O pão não nasce na padaria, mesmo nas primeiras que surgiram em Jerusalém, nem tão pouco nasce em supermercados. Para lá chegar é necessário um trabalho árduo no campo, lavrar a terra e lançar a semente sobre ela.

Este pão inventado na Mesopotamia, hoje Iraque, há mais de dois mil anos, não o levedado com fermento, esse apareceu no Egipto, quase sempre foi feito de trigo.
O trigo com que se faz o pão nosso de cada dia do matabicho das cidades cá da banda, que a gente importa mais do que produz, no mundo é a segunda maior cultura de cereal, estando atrás do milho e a frente do arroz, ocupando 20% da área cultivada. A nível mundial, a sua produção chega em torno de 500 milhões de toneladas por ano.

E nós para inverter o quadro de importação desse abençoado produto, o Executivo investiu 2.2 mil milhões de kwanzas num programa quase fantasma (dele pouco se conhece), denominado PLANAGRÃO para o período 2022 a 2027, que visa acelerar a produção de grãos de trigo, milho, arroz e soja.

Se para cultivar um hectare de soja, por exemplo, são preciso 600 mil kwanzas, 2 mil milhões empregue na íntegra para o cultivo de grãos, faz toda diferença no panorama agrícola.

Para lá dos grãos que ainda não germinaram ao cumbu que se vai esfumando, PLANAGRÃO encontra terreno fértil para germinar: boas condições agroclimáticas, 35 milhões de hectares de terra fértil, recursos hídrico numa extensão de 72 km³, equivalente a 11,12% do potencial hídrico renovável da Região da SADC.

Se no ano agrícola 2020-2021 a produção de cereais foi de aproximadamente 4 milhões de toneladas mesmo com as dificuldades conhecidas para a produção: aquisição de fertilizantes, sementes, falta de crédito e dificuldade de escoamento da produção. Havendo agora um programa específico para acelerar a produção certamente se espera uma multiplicação dos resultados conseguidos no ano agrícola findo.

Mas um semi-milagre seria preciso, discursar no campo e não nos gabinetes da cidade; correr com os salteadores do espaço rural que levam piscinas e churrasqueiras para as fazendas, transformando-as em sítios de lazer e não de produção, para não dizer das cenas caricatas de também o ter para estar na moda e levar as garinas que vem do outro lado do Atlântico- as makas que estamos com ele…

Sendo bom, como qualquer programa do Executivo, PLANAGRÃO está cheio de boas intenções, falta-nos sempre bons ceifeiros para a seara, infraestruturas e acima de tudo coragem para desbravar a terra e semear os grãos. Só assim se gera oportunidade de emprego e desenvolvimento rural e se contribui para a nossa soberania alimentar.

Tal como era idealizada a cidade por Platão “ os agricultores e artesão tinham a função
de nutrir a sociedade”.

… Aqui para quando?



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